“Doping financeiro” agita nova temporada da liga espanhola

Por Robson Sales

Usain Bolt deu o pontapé inicial do campeonato espanhol, a liga que mais empolgou nas contratações para essa temporada no futebol europeu. Para o período 2009/2010, o futebol da terra das touradas desembolsou mais de € 422 milhões. Em reais essa quantia ultrapassa a cifra de um bilhão, mais precisamente R$ 1,13 bi.

Mas os reforços se polarizaram nos gigantes Real Madrid e Barcelona. Juntos os dois maiores clubes daquele país gastaram € 360 milhões. No time da capital espanhola, primeiro veio do Milan o meia Kaká por R$ 177 milhões. Como se não bastasse, o presidente do Real Florentino Perez desembolsou pelo português Cristiano Ronaldo mais € 93 milhões, ou R$ 257 milhões. O que passou a ser a contratação mais cara da história do futebol.

O contra-ataque do Barcelona veio com o atacante sueco Zlatan Ibrahimovic. O artilheiro defendia as cores da Inter de Milão e foi contratado pelo time catalão pela bagatela de € 45 milhões mais o camaronês Eto’o. Fora outros jogadores pouco conhecidos como Keirrison, depois emprestado para o Benfica de Portugal, e o ucraniano Dmytro Chyhrynskyi, ex Shakthar Donetsk, por € 25 milhões.

O Real Madrid precisava se mexer, pois o rival ganhou a tríplice coroa na última temporada. No entanto um time vencedor precisa ter mais que bons jogadores, e experiências passadas do próprio Real galático mostram isso. Um conjunto é necessário para formar um elenco campeão. Se Cristiano Ronaldo, Kaká e as outras estrelas não forem bem dirigidas em campo, se o grupo for desunido e se o sentimento pessoal sobrepor ao valor da equipe, nada adiantará ter os jogadores mais caros.

Nesse sentido, o Barcelona sai na frente mesmo gastando menos. O Barça tem um elenco formado e coeso, além do craque argentino Messi. Um time confiante e entrosado, e como disse o capitão Puyol, um dos melhores da história do clube, é difícil de segurar.

O campeonato espanhol não deve ter muitas surpresas esse ano. A briga pelo título vai ficar entre Real Madrid e Barcelona. As outras equipes brigarão por vagas nas copas européias, como é o caso do Sevilla do resignado Luís Fabiano.

ALERTA VERMELHO

Já passou da hora do Fluminense acordar no Brasileirão. Depois do empate em 0x0 nesse domingo, em casa, contra o Barueri, não tenho outra palavra para qualificar a situação do tricolor carioca, a não ser como trágica. Faltam só 17 rodadas, e se as contas dos matemáticos coincidirem, a equipe precisa de nove ou dez vitórias para conseguir fugir do rebaixamento. Isso mesmo, vencer mais da metade dos jogos que faltam para o clube no campeonato. Praticamente uma missão impossível para um time que ganhou apenas uma partida nos seus últimos 16 confrontos no torneio.

Contra o Barueri, a equipe das Laranjeiras jogou muito mal novamente e levou um sufoco danado, esbanjando um show de passes errados e desorganização. E só não perdeu o jogo porque os adversários desperdiçaram diversas oportunidades. O time da casa só foi conseguir ameaçar no segundo tempo, quando Diego Barros, do clube paulista, foi expulso. Mas mesmo assim muito pouco para conseguir a vitória. Só não acho que as vaias recebidas no final da partida foram merecidas. O mais justo seria um Maracanã lotado vaiando, não apenas pouco mais de dez mil pessoas.

Pelo menos, no discurso dos jogadores eles parecem conscientes da atual situação do clube na lanterna da série A, e também dispostos a não se omitirem e tentarem reverter a situação. Além disso, a diretoria já se move para reforçar ainda mais o elenco. Depois de Fabio Santos e Roni, Urrutia deve mesmo acertar, após o Branco bater o pé, Paulo César já está quase certo, e o zagueiro Gum fechou negócio. E pode pintar algum outro nome dentre os que são especulados.

Resta torcer para que todos eles entrem muito bem no time, se entrosem bem rápido e emplaquem uma série de vitórias seguidas. Pode parecer meio utópico, como se fosse um passe de mágica, porém, é pela possibilidade de pregar essas peças que o futebol tem graça. Ou ninguém lembra do milagre do Flamengo em 2005? A situação era pior do que a do Fluminense atual.

E você? Ainda acredita no Fluminense? Comente!

TRAGÉDIA ANUNCIADA

Não foi nenhuma surpresa a derrota do Flamengo diante do Avaí, por 3x0, neste último domingo. Como já era esperado, o time da Gávea, desfalcado de nove jogadores e recheado de garotos, estava desnorteado dentro de campo e não conseguiu fazer frente em momento algum à equipe catarinense. Porém, será que somente isso que foi suficiente para o rubro-negro carioca levar um passeio e quase não ver a cor da bola no jogo? Óbvio que não!

Muito ouvi sobre como a falta de opções do Fla levou o time à derrota, mas e os méritos do Avaí? Mesmo encontrando um adversário desmantelado pela frente, os comandados de Silas Pereira mantiveram a organização tática, tomaram a iniciativa do jogo e se impuseram. E para mim, esse é o principal motivo do resultado. O Avaí que venceu a partida, e não o Flamengo que perdeu. E já está há 11 jogos sem perder!

Já o Flamengo, como debatemos aqui outro dia, seja por azar ou pura incompetência da sua diretoria, precisa de peças para o elenco. A zaga está muito insegura, nas laterais, se os titulares estavam em má fase, os reservas estão piores ainda, e ainda tem o meio de campo, setor mais afetado pelos desfalques, que está uma bagunça. A fase não está boa e os jovens das divisões de base não estão aguentando a pressão. E o Andrade, coitado, não tem culpa nenhuma. Está tentando se virar com o que tem, mas consciente que o time precisa de reforços.

Os rumores de contratações carregam os nomes de Maldonado e Álvaro. Para mim o chileno é uma boa para o espaço que ficou vago com a saída de Ibson e lesão de Kléberson. O time ganha mais pegada no meio e libera os laterais para atacar. O ex-zagueiro do Internacional, porém, acho muito fraco. É lento e facilmente envolvido pelos atacantes adversários. Só que a alta cúpula do Flamengo tem que correr porque a janela fecha já já.

Além disso, fica meu alerta sobre o Dênis Marques. Até agora o dublê do Oséas ainda não viu a cor da bola e mostrou a que veio. É um jogador caro, e o clube precisa ver logo a sua utilidade, para que ele não seja uma cruz a ser carregada como o Zé Roberto. Mas se ele joga isso que tá mostrando é melhor os torcedores rezarem pro Émerson não sair, senão vai ser um Deus nos acuda.

Uma pergunta: Alguém sabe por onde anda o Erick Flores? Vou tentar descobrir, mas se algum de vocês que lêem souber deixa um comentário.

E o que vocês acham do Flamengo? Qual o maior problema? Comentem!

FINALMENTE VASCO

Líder da Série B, batendo recorde de público da história da competição e igualando o recorde de pontos do Corinthians ao final do primeiro turno. Demorou, mas agora parece que o Vasco embalou e, mesmo sem ter encontrado o melhor do seu futebol, começou a se impor na segundona como era esperado. Na goleada de sábado, 4x0 diante do Ipatinga, o Gigante da Colina voltou a liderança, mostrou sua grandeza, com uma linda festa torcida (79.636 pessoas), e fechou com chave de ouro a semana de comemoração dos seus 111 anos.

Mais especificamente na partida, o Vasco jogou em ritmo de treino, com um futebol cadenciado. No entanto, isso é mais do que suficiente para que o time ganhe com folgas a Série B, desde que não repita a displicência apresentada no início do campeonato, que finalmente o time parece ter superado. E para mim, um dos grandes fatores responsáveis por essa arrancada da equipe é a subida de produção do Alex Teixeira de aproximadamente um mês para cá. O Dorival encontrou uma função para ele exercer que encaixou bem no time e que tem sido fundamental nos últimos jogos. É uma espécie de meia aberto pela direita e com bastante liberdade ofensiva. Sábado, contra o Ipatinga, além de fazer dois gols, ele participou ativamente nos lances dos outros dois.

E acho que o seu desempenho no time tende a ser ainda mais incisivo com a entrada do Aloísio, que já mostrou ser um centro-avante muito mais insinuante e perigoso do que o Élton. O experiente atacante tem tudo para fazer um bom returno na Série B, jogando de pivô e sendo municiado pelo trio de criação: Alex Teixeira, Carlos Alberto e Enrico ou Jéferson. Se conseguir emplacar esse quarteto ofensivo, acredito que as goleadas serão mais frequentes na trajetória da equipe cruzmaltina.

E se no ataque o Dorival Junior está começando a acertar o Vasco, é mais do que obrigação elogiar a defesa do time. Mais um jogo que a zaga passou em branco. O que era o terror dos torcedores no ano passado, hoje é motivo de tranquilidade. Mesmo jogadores com menor qualidade técnica, como o Vilson, vem jogando com simplicidade e disciplina tática. Sem falar da segurança transmitida pelo paredão Fernando Prass.

Depois de muitos altos e baixos, o Vasco tem novamente a chance de consolidar a sua campanha na segundona e voltar para o lugar de onde jamais deveria ter saído, só que com uma gestão muito mais organizada e competente. Se continuar nesse caminho, a equipe tem tudo para já preparar a festa do título e planejar o ano que vem, no qual tem muitas chances de ser um dos poucos, senão o único, carioca na série A.

A COLCHA DE RETALHOS E O VILÃO

O Flamengo decepcionou novamente diante de sua torcida. Desta vez, perdeu de virada, por 2x1, para o Cruzeiro. Porém ontem, o problema maior não foi a má atuação e/ou a displicência de seus jogadores, mas sim a ausência de opções de atletas para o Andrade. O treinador contou com nada menos do que sete desfalques, mais do que metade da sua equipe, o que contribuiu decisivamente na derrota do Fla, que também só aconteceu graças a uma atuação infeliz do goleiro Bruno. Com isso, o comandante rubro-negro se viu obrigado a escalar um time todo remendado, como eu disse no título, praticamente uma colcha de retalhos, formada principalmente por garotos das divisões de base. E embora não tenha faltado raça e dedicação por parte dos atletas, o resultado não poderia ter sido outro: um time bagunçado e desentrosado na maior parte do jogo, em que o único que se salvou foi o Émerson.

No entanto, nada disso importa para a torcida, que pagou o ingresso e foi lá para ver o seu time ganhar, e como já aconteceu recentemente com Juan e Léo Moura, a culpa toda dessa vez recaiu para cima do Bruno, numa chuva de vaias e xingamentos, que eu, particularmente, acho um equívoco. É um bom goleiro, que passa confiança para a equipe, mas que atravessa uma má fase. Acho que seria produtivo nesse momento apoiá-lo e passar confiança para que ele volte ao seu melhor rapidamente. Ou alguém acha que o Adriano estaria como artilheiro do campeonato e teria voltado à seleção se a cada gol feito que ele perdesse (e olha que nos últimos jogos isso aconteceu algumas vezes) a torcida toda caísse de vaias em cima dele?

Na minha opinião, mirar dessa forma no Bruno é como tapar o sol com a peneira. É encontrar um bode expiatório e não admitir o maior problema da equipe da Gávea: a parcela de falha da diretoria na construção do elenco. Não que a culpa seja toda da alta cúpula rubro-negra ou que eles merecessem as vaias destinadas ao Bruno, porque também não concordo. Mas se for para achar alguém para condenar, é muito mais coerente apontar o dedo para quem paga R$200 mil para o Zé Roberto ser reserva do reserva do gandula, por exemplo. Com o salário dele seria possível pagar, pelo menos, um ou dois outros jogadores que poderiam ter tido utilidade no jogo de ontem, e evitado que o Andrade tivesse que lançar tantos jovens talentos prematuramente.

E isso, eu acho que tem que ser a principal preocupação do Flamengo. Ao todo na partida de ontem, a equipe utilizou cinco meninos que foram puxados para o profissional nos últimos meses. Alguns inclusive com porte físico e rosto de adolescentes. É uma situação muito arriscada jogar a responsabilidade de comandar o time para um grupo grande de garotos de 17, 18 anos. Caso os resultados não venham, o Fla corre um grande risco de queimar toda uma geração das divisões de base que poderia gerar frutos no futuro. Pelo menos o Andrade é um cara consciente e já se manifesta preocupação com isso.

Entretanto, as notícias não são das mais animadoras para o próximo jogo, contra o Avaí. Ao invés de diminuir, a lista de desfalques aumentou, e pode chegar a dez jogadores. Novamente o nosso bravo “Tromba” vai ter que quebrar a cabeça para montar armar o esquema do seu time. Só espero que caso o Flamengo tenha uma sequência de derrotas seguidas não resolvam jogar a culpa para cima dele e comecem a falar em demissão. Como os últimos vencedores do Brasileirão mostraram, um bom elenco é fundamental nessa fórmula de disputa. E contando com uma boa dose de azar, o Flamengo percebeu isso numa pancada só.

E você, concorda que a diretoria do Fla também tem sua parcela de culpa na formação do elenco? E as vaias para o Bruno, também achou precipitadas? Comente!